MEU COLÉGIO MARISTA DE OUTRORA.- Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-Natal-RN-Edição de 04 de abril de 2009

Década de sessenta! O ano, 1960, foi quando precisamente fui matriculado. Lembro como se fosse hoje, que na época, o Diretor era Irmão Miguel. Mais tarde, vieram Irmão Adonias e o último que alcancei que além de Diretor, era uma mistura de pai e conselheiro, foi o querido e saudoso Irmão André Parisotto. O maestro do Coral do Colégio Marista era Irmão Pedro, que mais tarde foi substituído nessa função pelo Irmão Carlos. Naquela época, no currículo existia a matéria “música”. Muito cabra bom nas outras matérias, ficava em “segunda época” (é o nôvo...) em música. Eu “mêrmo”, virgem Nossa Senhora, não conto as vezes que fiquei enganchado em música; isso até observar que todo aluno que fazia parte do Coral do Colégio, estava automaticamente dispensado da prova teórica e, consequentemente, aprovado... Irmão Carlos, como sempre aos sábados à tarde, estava com a meninada ao redor dos três campos de futebol que ali existiam, onde a rapaziada batia pelada. Tinha uma certa intimidade com a pelota. Não a chamava de meu amor, mas chamava de você... Por nossa amizade, fui por ele convidado a fazer parte do Coral, mas quando me disse que eu tinha de fazer o teste, cantando alguma coisa em sala de aula, eu “incabulado qui só chibata de véio”, lhe respondi de pronto:

- Dá certo não, Irmão; eu sou mais desafinado do que peido dentro d’água...

Ele tentou ficar sério, pois um “palavrão daquele” era passível de severa punição, mas não se agüentou quando Adilson Gurgel de Castro, hoje um brilhante advogado de nossa cidade, caiu na risada, sendo acompanhado por Carlos Morais e seu primo Aurimar, nosso querido Tuquinha; e acabou sorrindo também. Mas manteve o convite, fiz o teste e o fato é que fiz parte do Canto Orfeônico do Colégio Marista de Natal por algum tempo. Era bom demais; nas datas comemorativas nos apresentávamos no velho e saudoso auditório, que nas quarta feiras à noite, se transformava em sala de projeção cinematográfica, sobre o comando do Irmão Pedro, que também era fotógrafo. No Dia Das Mães, todos os anos fazíamos “ELAS” derramarem lágrimas à vontade e a todos que no recinto se encontravam, quando entoávamos “Aquarela do Brasil, Ela é a Dona de Tudo e em seguida Minha Mãezinha Querida e Flor Mamãe (do Zé Leão...)”. Ao lado do auditório, a escada; e embaixo da mesma, a Cantina do Irmão Ventura. Só havia a quadra de cimento onde se jogava futebol de salão, hoje FUTSAL e ao lado da quadra, quase em frente ao auditório, haviam duas circunferências de cimento queimado, com um mastro fincado no centro, onde se jogava “espiribol”, com uma corda presa lá no alto do mastro, uma bola ovalada, tipo bola de futebol americano na ponta da corda, e quem estivesse jogando, geralmente um contra outro e mais raramente em duplas; pegue porrada para ver quem enrolava a corda totalmente no mastro primeiro. Vizinho ao auditório, ficavam os banheiros, cenários de memoráveis “Mungangas Mil”. Entre os banheiros e o Campo Pequeno, onde hoje é o Ginásio de Esportes, havia a “garagem das bicicletas”, onde acontecia de tudo e mais um pouco... Muita gente ainda hoje fala da “Matinha”, dizendo que a rapaziada que ia prá Matinha, era só prá “negociá uis quarto”; mas era, a bem da verdade, apenas e tão somente “folclore estudantil”, a exemplo da estória segundo a qual, quem tomava banho no Canal do Baldo, também fazia “trocância de retaguarda”... Oh! Que saudade das festas de São João, das barracas de tudo que era de “cumiduria”, das gincanas, dos torneios de Futebol de Salão e de Futebol de Campo, enfim, de tudo o que se fazia e que era um verdadeiro acontecimento festivo. Taí a razão pela qual a emoção “sarta do peito p’ruis zóio da gente”ao relembrar tudo isso... A todos os colegas, Mestres, Professores e Irmãos Maristas desse tempo maravilhoso, estejam onde estiverem, do outro lado da vida ou ainda batendo perna por esse mundão de meu Deus, OBRIGADO POR TUDO. De todos vocês, sem exceção, só tenho boas recordações; nenhuma mágoa e uma saudade sem limites. Vocês tem um lugar prá lá de especial, dentro desse meu coração véio chêíin de “stend” e de gratidão. Deus lhes abençoe!...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 04/04/2009
Reeditado em 04/04/2009
Código do texto: T1522510
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