COISAS DO PASSADO
O passado foi este segundo passante.
Nada de relógios pra marcar.
Sem ponteiros nem porteiros,
o tempo cruel não abre mais a porta
para os viajantes da vida.
Nem para os estáticos montes
disfarçados de vucões.
O tempo não é cruel de fato.
Nós é que somos intolerantes com ele.
Depende da idade.
Depende da festa.
Vai depender muito do status do sogro.
Vai depender ainda mais se não tiver
alguma visão de futuro.
Tempo e futuro são antagônicos.
Não querer que o primeiro passe
é o mesmo querer que o segundo demore.
Mas ambos são muito bons nas artimanhas
do esconder.
Quando acaba a pilha do relógio,
o tempo é obrigado a parar
sem querer.
E o futuro demora mais um pouco
a acontecer.