COISAS DO PASSADO

O passado foi este segundo passante.

Nada de relógios pra marcar.

Sem ponteiros nem porteiros,

o tempo cruel não abre mais a porta

para os viajantes da vida.

Nem para os estáticos montes

disfarçados de vucões.

O tempo não é cruel de fato.

Nós é que somos intolerantes com ele.

Depende da idade.

Depende da festa.

Vai depender muito do status do sogro.

Vai depender ainda mais se não tiver

alguma visão de futuro.

Tempo e futuro são antagônicos.

Não querer que o primeiro passe

é o mesmo querer que o segundo demore.

Mas ambos são muito bons nas artimanhas

do esconder.

Quando acaba a pilha do relógio,

o tempo é obrigado a parar

sem querer.

E o futuro demora mais um pouco

a acontecer.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 25/03/2009
Código do texto: T1506129
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