SERIA AZEDINHA?

Quase perdido em pensamentos

lá vinha eu me achando pela calçada esburacada.

Desvia daqui e dali. O moderar do passo não

reduzia a mágoa que sentia.

Algo que transcendia sentimentos.

Que sensação estranha aquela de ver

pequeninas flores amarelas me chamando

por entre as frestas da calçada.

Seria azedinha? Azedinha como este texto quase doce?

Quebra-pedra, é isso, flor de quebra-pedra.

De certo quebrou a pedra da calçada e surgiu assim,

linda, livre, exuberante, embora pequenina.

Parece que a vida é mais ou menos assim para alguns.

Mais adiante, um sabiá cavocando a terra em busca

de saborosas minhoquinhas.

Esse é feliz, pensei. A calçada não foi feita só para

pedestres. Os passarinhos também caminham por ela.

Passeiam também. Só que não ficam encucando.

Fazia tempo que eu não caminhava em chão tão agreste.

Fazia muito tempo que não encontrava tanta poesia

nessas coisinhas tão simples.

Seria azedinha a vida sem poesia?

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 02/03/2009
Código do texto: T1466214
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