UM SÓ VERSO
Eu não faço poesias
como se fazem filhos.
Mas, quando a fecundidade
é plena, elas nascem simplesmente.
E cada uma tem a sua própria cara.
Algumas crescem calmas.
Outras são raivosas,
outras ainda, até neuróticas,
mas nenhuma delas deixa de ter alma.
Com DNA de estrutura simples,
dizem de passados e futuros.
Porque presente elas sempre
vão ser e nos tempos do universo
viverão em eterno cativeiro.
Terão muitas leituras e fraturas.
Nem todos concordam com fisionomias
estranhas em seus porta-retratos.
No entanto, um só verso que sobre
desse esfarelar poético,
manterá vivo o poeta.
Seu pai e criador.