SACIANDO A SEDE

Caminhando, entre piteiras e arbustos

rasteiros, de amoras, onde me deliciei,

com seu doce néctar até que ambas as

mãos, se mostraram coradas e bem da

cor, do dito fruto, uma tremenda sede

assedia-me a procurar alguma fonte de

água, ali por perto, de boca ressequida.

Debaixo de um sol arrasador escutando

grilos e cigarras, camufladas, nas cascas,

das oliveiras, em pedras soltas, difícil se

torna caminhar, enquanto o sol, deixa o

ar rarefeito, e, a sede, traz as esperadas

alucinações, que eu julgo ver, um pouco

mais adiante, o imenso mar, suas ondas.

Era tudo, o que eu procurava; ali estava a

minha salvação. Então, de correr, não me

cansei, directo à imagem, de minha visão,

tão real, como os pássaros, que, por cima,

de minha cabeça, olhos turvos, acertei de

ter feito reparo. E porém, quanto mais eu

andava, mais atolado, entre areias, ficava.

Era tudo um deserto sem mar e sem nada.

Então resolvi voltar, para trás, vindo ainda

e sempre, pelo mesmo caminho. E atento,

aos cheiros, que, pululavam, por todos os

lados, e, me haveriam, de levar até à bem

dita água. Procurei, por isso, espaços mais

verdes, e, daí, fiz nova jornada, em diante.

Como uma sede pavorosa, reparei que ali,

a erva era mais húmida, e, enchendo-me,

de novas esperanças, foi que ouvi o jorrar

de água, correndo livremente. E, sim, era

o som de pássaros a cada passo meu, que

fui encontrar, banhando-se, na tão fresca

fonte, aonde me detive, bebendo e rindo.

Jorge Humberto

18/02/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 19/02/2009
Código do texto: T1447713
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