UM HORROR DE AMOR
Foi assim.
Ela se mascarou de bruxa.
E eu de mago.
Foi uma misturança tal
de poções e caldeiradas,
que ninguém sabe quem
foi o mais forte na mortandade.
Eu, por princípio, só mato saudades.
Ela, por vocação, só mata o tempo,
tentando achar cartas no jogo da memória.
Assim vivemos nós, hoje,
diante da eternidade
que custa a chegar.
Um horror de amor,
que um dia foi um
amor de amor.
E agora é um amor
mago, cheio de cartolas.
E coelhos mal passados.
E pombas espertas
que não querem mais
participar de mágicas pobres.
Ninguém mais bate palmas.
O mágico acabou em si.