O Construtor de Vagões

È triste ver o seu comportamento...

O Construtor caminha para o fim de sua existência enquanto afirma buscar sua salvação.

Ele pensa que sabe.

Ele pensa que entende.

Mas não... não entendeu, nem entendera.

Ninguém se importa com o que o construtor sente, desde quando isso não atrapalhe seu desempenho,

Sua produção.

O Construtor rende muito dinheiro aos seus donos, pois o tratam como máquina.

Uma máquina de fazer reparos.

Por isso ele segue.

Eu me importo com o que ele sente, e me preocupo com o que será dele no passar dos dias.

Dos meses.

Dos anos.

Das horas os minutos arrancam seus compassos.

E os ponteiros sua batida.

Seu ritmo.

É constante.

O relógio me preocupa.

Não tanto quanto me preocupo com meu construtor, mas me preocupa.

Porque estes se parecem muito.

Mas o relógio é mais livre.

Talvez porque eu presencie a rotina do relógio e não de relojoeiro.

Enfim...

O Construtor caminha para o fim da ferrovia...

Ferrovida.

Onde os dias não são dias,

São drilhos,

São trilhas.

E o construtor avança em direção ao final da ferrovida.

Estou contando os dias para amparar meu construtor.

E também para dar arrimo ao meu relógio.

Mas é mais pelo construtor do que pelo relógio.

Laís Santiago Andrade

Laís Andrade
Enviado por Laís Andrade em 02/02/2009
Código do texto: T1418709
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