O Construtor de Vagões
È triste ver o seu comportamento...
O Construtor caminha para o fim de sua existência enquanto afirma buscar sua salvação.
Ele pensa que sabe.
Ele pensa que entende.
Mas não... não entendeu, nem entendera.
Ninguém se importa com o que o construtor sente, desde quando isso não atrapalhe seu desempenho,
Sua produção.
O Construtor rende muito dinheiro aos seus donos, pois o tratam como máquina.
Uma máquina de fazer reparos.
Por isso ele segue.
Eu me importo com o que ele sente, e me preocupo com o que será dele no passar dos dias.
Dos meses.
Dos anos.
Das horas os minutos arrancam seus compassos.
E os ponteiros sua batida.
Seu ritmo.
É constante.
O relógio me preocupa.
Não tanto quanto me preocupo com meu construtor, mas me preocupa.
Porque estes se parecem muito.
Mas o relógio é mais livre.
Talvez porque eu presencie a rotina do relógio e não de relojoeiro.
Enfim...
O Construtor caminha para o fim da ferrovia...
Ferrovida.
Onde os dias não são dias,
São drilhos,
São trilhas.
E o construtor avança em direção ao final da ferrovida.
Estou contando os dias para amparar meu construtor.
E também para dar arrimo ao meu relógio.
Mas é mais pelo construtor do que pelo relógio.
Laís Santiago Andrade