O Construtor de Vagões II
A Estrutura de ferro
Pode ser tocada por qualquer um que tiver vontade
Mas sentida só por mim.
Sou dona da liga de ferro que a mantém rígida.
Ao meu toque o ferro é liquido e se funde aos meus dedos, mas no fim recua porque nasceu ferro, cresce ferro e morrerá ferro.
Rígido e frio
Feito para aguentar peso e pesar sobre os trilhos.
A vida fez do construtor um de seus vagões,
o mais defeituoso deles,
o mais necessitado e ainda que tenha sido por muitos cobiçado
o construtor permanece intocável.
Só eu posso tê-lo.
Seus vagões não podem ser dele e ele não pode conserva-los por perto.
Porque são vagões, foram feitos vagões, e condenados a isso estão.
E ele foi feito construtor, e construtores
Não usu¬fruem de suas construções.
Não moram em suas construções.
Não andam em seus vagões.
Eu continuo procurando uma forma de voltar. O construtor procura uma forma de não me esperar. Mas não possue tanta força. E a noite o construtor vem pra mim. E é meu, é liquido, é fraco, é menino, é...trilho.
Meu construtor não sonha, só dorme.
Laís Santiago Andrade