NO DIA EM QUE EU FUGI DE MIM
Nem sei bem o que houve,
sei sim, que me mandei de mim.
Fui pra outras esferas.
Busquei o bíblico e o engenheiro
que não deixaria cair o teto
da minha igreja provisória.
Assim, fui embora.
E vi, no decorrer das andanças,
que os seres são sempre os mesmos.
Quando não passam a sacolinha
transformando igrejas em empresas,
passam o desconforto de confortar
as famílias de alguns mortos e feridos.
Quando alguém disse que o mundo está acabando,
sinceramente não quis acreditar.
Mas agora, quando consegui fugir de mim,
vejo os símbolos dessa era nova.
Dessa era de verdades.
Que ninguém quer enxergar.
E não tem nenhum dinossauro no pedaço.
Nem nenhum asteróide.
O jeito é voltar a falar de amor.
Mesmo que de modo fingido.
Pelo menos, se cair o teto,
rapidinho, a gente arranja outro.