NO DIA EM QUE EU FUGI DE MIM

Nem sei bem o que houve,

sei sim, que me mandei de mim.

Fui pra outras esferas.

Busquei o bíblico e o engenheiro

que não deixaria cair o teto

da minha igreja provisória.

Assim, fui embora.

E vi, no decorrer das andanças,

que os seres são sempre os mesmos.

Quando não passam a sacolinha

transformando igrejas em empresas,

passam o desconforto de confortar

as famílias de alguns mortos e feridos.

Quando alguém disse que o mundo está acabando,

sinceramente não quis acreditar.

Mas agora, quando consegui fugir de mim,

vejo os símbolos dessa era nova.

Dessa era de verdades.

Que ninguém quer enxergar.

E não tem nenhum dinossauro no pedaço.

Nem nenhum asteróide.

O jeito é voltar a falar de amor.

Mesmo que de modo fingido.

Pelo menos, se cair o teto,

rapidinho, a gente arranja outro.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 21/01/2009
Código do texto: T1397410
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