Acredite, você é muito mais do que pode ser

Escrevo como quem respira, como nem todo mundo respira bem, pode ser que o que escrevo nem não seja ou represente coisa alguma, mas me serve para descontemplar a passagem do tempo, pois que ao escrever transformo em ação o pensamento e a mente vazia vaga nos mundos da imensidão que há em mim, sem que se faça tempo definido, seja dia ou noite, na clareza ou na escuridão, meu pensamento está sempre energizado com as mais diversas da mais diversa emoção. Não vou contar minha estória, Drummond disse que isso não vale nada, o bom mesmo é não sentir o passar das horas, e de repente ver-se longe, impulsionado por uma força que não se controla... Não escrevo como quem morre a la Bandeira, mais como quem quer viver, como quem tentar sair de onde não se pode submergir, todavia se tentar, mesmo que jamais se venha conseguir... É como nos sonhos, sementes ao longo da vida encontradas, umas plantadas outras guardadas, as que se planta nunca nascem como se foi imanadas, são distorcidas, muitas vezes pecadas, como a fruta, que de verde apodrece sem ter passado pela fase amadurada... E assim os sonhos vão crescendo, ou melhor, o tempo vai passando e a gente vai esperando, sempre com o sonho a tomar a nossa mente, e a espera nunca se acaba, até chega-se a pensar que era pedra o que se pensou ser semente, pois que o tempo nos acaba e o sonho parece nunca chegar, e nunca chega mesmo, nunca chegará, pois que é uma questão de referência, e tu vives no presente, como pode querer o futuro alcançar? As outras sementes, carregadas com muito carinho, são os sonhos mais íntimos, os mais obscuros e arrebatadores das consciências, posto que se pense muito neles, são aves enjauladas no âmago do ser que as leva, e pode ser que nunca sejam libertadas... Como a rosa mais bela, esses sonhos, essas sementes não plantadas, são apreciadas, passa-se as mãos em suas macias pétalas, mas com muito cuidado, já que a rosa também é toda espinhada... A vida passa, tudo passa, isso não é segredo para ninguém, todavia, como a pressa é uma questão de nosso tempo, não se percebe às vezes as importâncias das coisas mais corriqueiras, como um olhar de um ancião, tão cheio de mistérios e belezas, ou no olhar da maioria a desilusão de ter corrido tanto, e ainda sentir o peso da tristeza... Se você olhar bem, todos são lindos e tem muito para ensinar e oferecer, não é o mundo que estar errado, mais os olhos de quem ver, na miséria e na desgraça, em qualquer situação, é sempre possível estender ajuda ser solidário, cativar e encorajar qualquer coração, as pessoas não precisam de esmolas, disso não, cada uma já tem seus mortos, sua própria solidão, e pode ser que por ai onde tu vivas, onde é maior a multidão, tu mesmo perdidos entre seres, te sinta tão só, como imaginas ser só, o mais absorto ancião... Vamos falar das sementes, essa coisa de tristeza e solidão, deixemos para outras horas, outra ocasião, escreveremos uns poemas onde estará expressa a mais profunda tristeza acompanhada da mais doída e sufocante solidão, mas guardemos esse poema longo e reticente, não vamos fazer dele nossa bandeira não, como Neruda disse que poderia escrever os versos mais tristes numa determinada noite, deixemos o poema em fase de combustão, a espera de ser criado, mas não o alimentemos não, há outras coisas mais belas, se não podemos nos livrar dela, guardemo-la a solidão, a plantemos em terra estérea, e não a reguemos não, assim também o faremos com a tristeza, e com tudo que faz cair nossos olhos, reduzir nossos passos, desavivar nosso coração, porque se tu estás bem, poderás ajudar, porque estás bem, e tem agora aclarado o coração, poderás ajudar a levantar um irmão, mas apenas se este se permite ajuda, pois pode ser que queira erguer-se com as próprias mãos, tu me entendes amigo, irmão? Eu não escrevo com objetivo definido, escrevo o que vaza do meu coração, e dos corações dos seres que vivem em mim, uma verdadeira multidão, uns fracos e outros fortes, nem sempre vivendo em comunhão, uns românticos e crentes de sonhos, outros sarcásticos e masoquistas como nunca vi, a não nesta ilusão, há tantos, alguns são meus amigos, outros nunca os vi, mas às vezes esses é que me tem como irmão, seres que através de mim vivem indiferentes a tudo, mas que vez por outra, são os estranhos que o socorro tão precioso me dão, e sou grato a todos eles, porque me são sempre presentes, companheiros do silêncio e da solidão que mora dentro do meu peito e que parece ter raiz tão profunda que se arrancadas sem jeito, podem trazer consigo meu próprio coração, e meu coração é minha mente e meus músculos e meus olhos e tudo que vejo e procuro, é onde me escondo se tenho medo, é onde dou abrigo àqueles que ainda sentem medo, e não tem para onde ir não, meu coração é meu segredo, a voz que se faz ouvir quando ninguém fala, quando todos se me negam qualquer forma de comunhão... O mundo não é visto por mim, é através dele que se faz o meu coração, cada coisa, cada ser, um neutrino, o que esta além do além, formam blocos de construção, e à medida que vou pela estrada andando, vejo coisas, e as coisas vistas mudam, por que assim o que meu coração, não sei odiar, nem coisa do gênero, a falta no ensina mais que a abundância, e foi assim que aprendi a mar, amar apenas, e isso é tudo e um pouco mais... Mas também deixemos isso de lado, qualquer coisa que cause comoção, sejamos práticos, mas não tão práticos, sejamos obstinados em nossos objetivos, mas nem tanto, isso pode causar cegueira, e na corrida louca, pode ser que tu atropeles um irmão, calma, muita calma nesta hora... Eu estou falando de que mesmo? Ah, é um perfil... Mas se eu soubesse o que isso significa deveria eu ser senhor de mim, conhecer-me a ponto de dizer quem sou, entretanto se isso acontecesse, o que seria de mim? Um livro que se acabou. Fecha-se o livro, por que a historia terminou, todavia sou humano, e como tal, infinito é cada de todos os hiperplanos, e assim também é você, nem precisa você crer, por que a verdade não necessita de fé, nem faz proselitismo, ela é quem é, e assim como o tempo que não se pode parar, a verdade também segue, segue mesmo se você parar para dela duvidar... Acredite, você é muito mais do que pode ser, do que imagina ser, é um ser humano, tão lindo e tão perfeito, não importa de onde vem ou não, eis que te digo, assim é, sem poder ser de outra forma não... A beleza está em tudo, e tu também podes ver, um dia todos se iluminam, como as estrelas do céu que ao dia não se pode ver, é necessário uma noite escura para a beleza de um dos infinitos se poder ver, assim também é você, e ainda mais, pois que o Céu é oferecido a todos, mas você é um segredo que ninguém pode desvendar, nem ciências nem filosofias, ou quaisquer outras ...ências e ...ias, nada que se invente pode te imitar, estrelas a todo o momento, como o homem mesmo já pode mostrar, nascem e morre, é um segredo fácil de desvendar, todavia, mesmo assim, desperta a atenção de gênios de todas as áreas, de todos os ramos do conhecimento, de toda e qualquer espiritualidade ou religião... Agora imagine você que jamais vai poder ser desbloqueado para a contemplação dos olhos mais sedentos dos teus segredos, sedentos de todos os setores da tua composição, você é você, e você é especial, tão complexo que nem mesmo você sabe o que vem a ser, cerneamente falando, ninguém pode dizer de si eu sou assim, porque dito isso, esse eu já não é, foi daquele jeito que acabou de falar... Não somos águas presas, nem rios que perdem no grande mar, somos seres subterrâneos de nós mesmos, algo que ninguém pode alcançar... Mas deixemos isso de mão, e...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 13/01/2009
Código do texto: T1383114
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