BARROS -Escrito para Manoel de Barros - em 1995
Vivo todos os Barros
desde o primeiro deles
em que foi feito Adão.
De um Adhemar e minhas lembranças
do político paulista,
a um Manoel e suas letras pantaneiras.
Embarrado em seu alazão,
lá vem um boiadeiro a me inspirar
poemas de ilusão.
Seu alazão é só uma miragem,
porque alazão não voa no pantanal.
Pode ser alegre e montar em sua lustrosa carcaça
equina.
Mas que o alazão não é alazão, não é.
Manoel, me perdoe esse ranço
a lhe invadir seu santuário mundo.
Quebrou o arreio e arreio eu.
Que vi florestas em extinção.
O verde virar cinza e cinza virar eu.
Peão de mim.
Peão da vida, que monta um monte de verdades.
Que se derruba nos barros dessa arena
e que se entende que ao barro
voltará bem breve.