O SAPO
À beira da estreita rua de terra umedecida pela chuva torrencial que
lhe assolara, deleitava-se quieto, muito quieto, solitário sapo, sem imaginar o suplício do futuro a espreitar-lhe.
Seus grandes e vívidos olhos tinham luzes de pirilampos e brilhavam ainda mais, ao entreolhar curiosos garotos a lhe rodear!
De repente: a tragédia! Os meninos lançaram-lhe pesadas pedras e a cada pedra lançada, um salto a mais do pobre sapo, em sua angustiante tentativa de desvencilhar-se da emboscada crucial!
Esforços vãos: não suportando a intensa crueldade, pouco a pouco vai perdendo as forças e desfalece, enfim, numa poça d’água, lançando ainda um último olhar estupefato aos pequenos vândalos,
como a entender e a perdoá-los.
Oh! Pobre sapo! Sua voz não é ouvida, mas o seu silêncio
transmutará em dolente silvo de clamor, que ressoará por longo tempo na consciência dos garotos, fazendo-os repensar em profusão, sobre a tortura que lhe impuseram; e verão ainda, o desabrochar de flores, no lugar do suplício de tão dolorosas pedras.