ENTRE O CÉU O MAR E A TERRA
Emirjo do mais profundo azul, das águas onde
me banho. Sentada na nossa rocha preferida,
aceno-te minha saudade, enquanto tu me dizes,
chamando por mim, ao vento, que já se faz tarde,
e, que, as andorinhas, há muito já partiram, para
lá do horizonte, a nós dado.
Vendo, que o céu escurecendo vai, e, a água, vai-se
tornando mais fria, resolvo-me a dar-te ouvidos e
nado para terra, onde me esperas, sorriso nos lábios,
braços abertos, para aquecer meu corpo enregelado.
Como um tónico rejuvenescedor, depressa retomo
a respiração e contenho o frio… brinco contigo
e comento, apaixonado, que tua beleza, empalidece
o céu e tudo, ao seu redor.
Ganhando uma pequena cor rosada, não escondes a
timidez, pelo meu galanteei-o, e, chamas-me de tonto!
No seixo, só nosso, de mãos dadas, sentamo-nos entre
o mar e o céu, e, ali ficamos, imersos nas cores, que se
vão diluindo, consoante o sol se esconde, dando lugar
à noite, nossa companheira e confidente, quando
precisamos de nos ausentar, pois é ela a guardiã, de nosso
amor, sem par. Num último olhar, para lá do mar, antes
de nos levantarmo-nos, caminhando tranquilos, no
regresso a casa, a coruja pia, mia o gato, e, urdindo,
um longo beijo, que tem seu reflexo nas estrelas,
estas nos guiam, como que conduzindo algo solene.
Jorge Humberto
28/10/08