REMOENDAS
Então ousei lembrar de ti
naquele nosso primeiro momento de amor.
Estavas com um medo ansioso do prazer
que talvez viesse.
Sim, talvez.
Nunca houvera esperiência tal
nem nada que não fosse instinto.
O desabotoar de roupas gerava ansiedade cruel.
A descoberta de corpos brancos, curtidos
em lâmpadas fluorescentes do colégio,
não tinha importância naquele momento.
Entendi, então, muito das aulas de química
orgânica... fui vivenciando reações inéditas.
Das aulas de física, lembrei da lei de atração
dos corpos, atraindo um ao outro segundo
a relação direta do amor e inversa do quadrado
do desejo.
Bancos escolares, giz, quadros negros,
preservativos...tudo girava em minha cabeça
adolescente, enquanto te envolvia nua em meus braços.
Não sei saber de notas. São estas apenas remoendas
de um passado que não passou.