TODOS OS MEUS DESENCANTOS
Ao contrário dos mais jovens,
que sempre vivem novos encantamentos,
procuro sempre velhos motivos para tentar
justificar o verdadeiro sentido de viver.
Todos os meus desencantos brotam
desse rio sem leito, nem margens e de escassa água.
Não fui nascido para adorar nada nem ninguém.
Muito menos ser escravo de finanças ou de patrões.
Se me mereço como ser, nascido livre e sem máculas,
devo pensar muito mais em virtudes que em pecados.
Se me julgo assim, sem crimes, não será por me sentir
puro demais, mas por enxergar o que vejo.
Nunca fui moldado, mas sempre procurei espelhos de verdades.
E descobri que os espelhos também são relativos.
Assim, todos os meus desencantos, que nunca tiveram
nem nome e nem registros, tornaram-se
incrivelmente absolutos neste relativo mundo.