TODOS OS MEUS DESENCANTOS

Ao contrário dos mais jovens,

que sempre vivem novos encantamentos,

procuro sempre velhos motivos para tentar

justificar o verdadeiro sentido de viver.

Todos os meus desencantos brotam

desse rio sem leito, nem margens e de escassa água.

Não fui nascido para adorar nada nem ninguém.

Muito menos ser escravo de finanças ou de patrões.

Se me mereço como ser, nascido livre e sem máculas,

devo pensar muito mais em virtudes que em pecados.

Se me julgo assim, sem crimes, não será por me sentir

puro demais, mas por enxergar o que vejo.

Nunca fui moldado, mas sempre procurei espelhos de verdades.

E descobri que os espelhos também são relativos.

Assim, todos os meus desencantos, que nunca tiveram

nem nome e nem registros, tornaram-se

incrivelmente absolutos neste relativo mundo.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 08/10/2008
Reeditado em 08/10/2008
Código do texto: T1218354
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