TRÂNSITO DA VIDA

Que tristeza grande

sente um coração

que tudo partilha.

Quando de repente se surpreende

com alguém que escolhe como caminho,

uma estrada de mão única

onde na pista só cabe uma pessoa.

É aquela hora em que silêncios,

solidões e decisões individualistas,

aparecem em meio ao trânsito:

do teu trampo, do teu tempo,

do teu dia, da tua luta,

do final de semana que ficou no vazio.

Quando num dia cansada, semana finda,

sexta que todo mundo brinda,

voltava eu querendo colo e abraço,

dormir em concha e laço, mesmo à distância

porque não há kilometragem para a energia,

basta querer sintonizar... em harmonia...

Tudo muito abraçadinho e repleto de carinho,

queria descansar, conversar...

Saber já seria bom demais!

Saber que a escolha foi olhar outras paisagens, normal...

Fazer algo que oxalá esteja feliz e em paz, assim espero...

Mas há o estranhamento de não dizer nada.

É feito vácuo de asa delta

antes de atingir o nível de vôo.

Embora a vida volte sempre a plainar livremente

os ventos permanecerão mudando de direção.

Tem gente que é constante,

tem gente que muda a todo instante,

tem gente que mente, que omite, que sente...

Pena quando o vento muda de lugar,

exatamente quando à brisa fresca,

o rosto meio cansado, já amava distraidamente,

a coisa boa que parecia eterna...

Resolveu sair sem aviso, sem um "fica com Deus",

sem nem um: estou indo em paz e vou sentir saudades!

Mas reclamar de quê?

Eu sabia que vento não vem com selo de garantia

nem com prazo de validade,

calma, busquei a serenidade,

triste, busquei a amizade.

Só ombro de amigo serve de abrigo

quando o amor bate a porta sem se despedir.

Foi aí que vi que me distraí,

porque quando fala alta o indivíduo,

é o DNA da necessidade, sempre imediatista, que grita.

E pensar no outro complica

quando encher o próprio copo é necessário

na medida exata da sede que impulsiona.

Cada um é um, e ser um, quando se é dois,

é difícil para tal espécie humana, humana?

Fazer-se bem é preciso!

Ganhar na qualidade de quem pretende caminhar

junto para a eternidade, é tarefa de qualquer relação.

Não há outro caminho, senão, a mão dupla,

o trânsito livre e aberto,

uma estrada de nome sinceridade.

Porque, até ela,há que ser construída...

Diferente disso, é rua sem saída!

Vera Fracaroli
Enviado por Vera Fracaroli em 19/09/2008
Reeditado em 18/05/2009
Código do texto: T1185383
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.