AMOR ILÓGICO

Não, eu não olhei para trás.

Não quis ver o que nunca senti.

Nem me incomodei se a curiosidade

poderia refazer-se em prantos.

A nossa identidade tinha perdido

as digitais.

Os nossos números estavam borrados.

Datas, horas, momentos...

As fotos, amareladas pela claridade

da luz,já não retratavam o que tinha

ou o que não tinha sido verdade.

Dessa dor sem torcicolo eu escapei ileso.

A falsidade ideológica desse amor ilógico

se resumiu na sua própria fragilidade,

que o tempo, em tempo, cuidou de mostrar.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 30/08/2008
Código do texto: T1153909
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