AMOR ILÓGICO
Não, eu não olhei para trás.
Não quis ver o que nunca senti.
Nem me incomodei se a curiosidade
poderia refazer-se em prantos.
A nossa identidade tinha perdido
as digitais.
Os nossos números estavam borrados.
Datas, horas, momentos...
As fotos, amareladas pela claridade
da luz,já não retratavam o que tinha
ou o que não tinha sido verdade.
Dessa dor sem torcicolo eu escapei ileso.
A falsidade ideológica desse amor ilógico
se resumiu na sua própria fragilidade,
que o tempo, em tempo, cuidou de mostrar.