GORDAS

Perdido assim em meio

a tanto devaneio,

não consigo pensar em algo bom.

Só me vem à mente coisas de valor.

O valor da poesia não surge.

Nem o da amizade sincera.

Nem aquele toque do amigo oculto.

Aparecem sempre coisas vãs.

Coisas sem alma. Pobres de tudo.

Nada que eu faça, atiça esse fogo.

Mas, lá no fundo, eu sei.

Se está tudo assim tão quieto

é porque a tempestade está vindo.

É ruim mas é bom.

Pelo menos os ares vão mudar.

As tempestades sempre têm

esse poder de barganha.

As bonanças...elas vêm depois.

Gordas e cheias de sorrisos.