NOS CAFUNDÉUS DO JUDAS

Fiquei esperando a dor passar.

E ela não passava.

Nem passava o ônibus.

Nem passava o taxi.

Nem passava o tempo.

E a dor doia. Doia bonito.

Latejava tanto, que eu achava

de mergulhar em sais.

Nos cafundéus do Judas

eu tinha perdido seu amor.

E nunca mais achei.

Ai que dor.