DISCREPÂNCIAS

Porque sofrem assim tantas pessoas,

se neste Mundo tão belo, há espaço, para todas elas?

Se escrevo, meu primeiro sentido, é cantar loas,

mas como levar minha palavra, a quem vive em favelas?

Pobres crianças, deambulando, a meio à imundice;

em sua inocência não medem riscos nem doenças.

Pergunto-me, como pode haver, tanta canalhice,

de pressupostos nobres e condessas,

passando imunes, a todo este grande sofrimento,

e inda atribuindo culpas, a quem em desgraça vive?

Não têm por elas, o sagrado juramento:

aos necessitados ajudar, como tudo que revive.

Meu sono atribulado, revê em catadupa, tal incongruência;

e não raras as noites, acordo em desespero.

Hoje em dia, joga-se com a falsa inocência,

de que quem não vê, não tem de prestar seu esmero.

Ah, mas tudo isso foi parido, pela puta da mentira!

portas fechadas, a tudo e todos; grades na janela.

Porque quem aos outros, o pouco lhes retira,

enfeita a imensidão das casas, à porta sentinela.

Pobre mundo, parcial e pungente!

vede teus filhos, suplicando só uma atenção.

E reparai, no chão dormindo, esta gente,

que há muito endureceu, sofrido coração.

Jorge Humberto

30/07/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 31/07/2008
Código do texto: T1106204
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