TAÇA DE CRISTAL
Algo me ronda e me barra.
A sensação é a de ter alguém a me vigiar.
Uma pressão imperceptível aos barômetros,
mas que sinto.
Igual àquela que antecede os temporais.
Paranóia? Paranormal? Paradigma? Paradoxal?
E os estímulos, as emoções, o prazer?
Quem foi que surrupiou a alegria que
deveria ter por viver?
Quem é que vai me devolver
essa frágil taça de cristal?
Você? Você que me lê?
Ora, você é só você.
Tem que cuidar da sua vida e fazer
dessa leitura uma coisa sem importância.
Não percebe que meu texto louco
ronda sua sanidade? Embaralha seu raciocínio?
Não percebe que, ao me ler, se encuca toda?
E que eu vigio o seu ser?
Você me devolve a taça?
Que bom!
Eu providencio o vinho.