o que vem a ser o efêmero
Meu ranger de dentes atravessa o espelho. Meu espectro compete com o inseto a cadeira, o posto de demência. As voltas no sol, os raios no relógio, os ponteiros levantados para minha inércia proposital e defensiva, carente de permanência, se debatem agônicos. Os sustos surtam, renegam a redoma, prisioneiros efêmeros, dissolúveis conflitos. As aspas, os parênteses, os mitos perduram como vícios de uma geração em suplícios, em decadência e artifícios. E socorrer o que se vai é se alimentar mais do pó das asas de uma borboleta, dos nós de uma teia de aranha, das curvas de uma nuvem em delírios de formas tão estranhas. Palavras que refrigeram a alma carente ventilando tristezas presentes, sorrisos sem procedente, orgasmos petrificados em revistas proibidas para adolescentes. Na barra da saia, a fuligem de um olhar displicente, a marca de um rosto descrente do balançar envolvente. Cada roçar de ventre, cada compasso de pernas, cada amor decadente, na caça cega e desorientada sobre o que vem a ser o efêmero.