Aprendendo a ser cruel
Estou aprendendo a ser cruel. 'Professores' não me faltam mas não saio do primário. Aluna ruim, eterna repetente. Longe de ser um demônio graduado, não passo de um anjo doente. E sou condenada por ser inocente.
Sobrevivo, entre minhas insônias e hipérboles irônicas. Busco na literatura um refúgio e faço dela meu grito de socorro. Quero um poema com gosto de fel.
Não me refiro a políticos, já não me assustam falcatruas em um mundo decadente e sifilítico. O que me choca é o câncer da hipocrisia e a podridão da imoralidade que é como um esgoto a céu aberto. Pessoas que desabam no seu conceito te obrigam a assistir as cenas mais escabrosas e querem que você ache tudo normal. Você se pergunta até quando ficarão impunes, se terá de esperar até depois do juízo final.
Por muitas vezes me senti batendo à porta do céu enquanto muitos entravam no céu pulando as janelas e se possível fosse, enganariam a Deus.
Gosto do rock como expressão da minha indignação e dos sentimentos mais profundos. É um desejo de vencer, de romper os grilhões, uma vontade imensa de mudar o mundo. Pois sei que viver é matar um leão por dia, segurar um touro pelos chifres, guerrear com dragões.
A vida é mais pesada que o mais heavy dos metais. Então você ouve Guns n' Roses como um coro de anjos, o som do Van Halen te parece uma suave canção de ninar.
Mas não vamos abaixar a cabeça, nos dar por vencidos e escolher uma forma de suicídio. Não existimos para vestir nosso traje de palhaço, comer o pão-que- o-diabo-amassou de cada dia e dormir sob o efeito de uma droga qualquer.
Às vezes morro, mas renasço. É como passar a vida escrevendo meu epitáfio, para depois, ressurgir das cinzas.