(English version after the one in Portuguese)
Requiem para um algoz
Para David, que nunca aprendeu a amar
₢ Dalva Agne Lynch
Destituída e só
tu me abandonaste no escuro
cheio de tuas certezas.
Agora
destituído e só
é tua vez de penetrar o escuro.
Do que te revestirás
se me cobriram de todas as vestes?
Veja este veludo cor da noite
bordado em fios de prata:
são minhas lágrimas
derramadas pelos filhos que roubaste
no poder e no nome do teu deus.
Sente essa seda rosada
escapando por entre teus dedos:
é o amanhecer da esperança
do dia em que retornaram.
E cobre-me ainda
o branco linho da inocência
o diáfano tule da confiança
o crepe sombrio do meu desamor...
Cobriram-me de todos eles, amado.
Com que te vestirás?
Que textura teria o engano
que cor teria a crueldade?
Ah, mas esperas cobrir-te
do sangue do teu deus!
Mas que deus seria esse
com sangue da cor do orgulho
tecido com o ouro do preconceito?
E assim vestido de sangue
para onde pensas ir, meu amado?
Os Jardins Sagrados pertencem aos inocentes
aos injustiçados, aos torturados
à mãe destituída de seus filhos
aos filhos destituídos de sua mãe...
E contudo, ainda agora
às portas da noite
não estendes os braços
orgulhosamente convicto
e ainda não pedes, amado
o nosso perdão...
ENGLISH VERSION
Requiem to a torturer
to David, who never learned to love
₢ Dalva Agne Lynch
Full of your your convictions
you left me in darkness
alone and destitute.
Now
alone and destitute
it´s your turn to enter darkness.
What would you cover yourself with
when every fabric was used
to cover my wretchedness?
See this midnight-blue velvet
embroidered with silver thread:
it´s the pattern of my tears
shed for the children
you´ve ripped from my arms
in the name and the power
of your god.
Feel this morning-rose silk
slipping through your fingers:
it´s the dawn of hope
of the day when they returned.
I was also covered
with the linen of innocence
the diaphanous thule of trust
the shadowy crepe of unlovelessness...
I was covered with them all, Beloved.
And what will cover you now?
What texture is cruelty
what color is deceit?
Oh, but you say
the blood of your god will cover you!
Tell me, Beloved
what god could this be
whose blood is the color of pride
embroidered with the gold of prejudice?
And so dressed in blood, Beloved
where can you possibly go?
The Sacred Gardens belong to the innocent
to the victims of injustice and torture
to the mother without her children
to the children without their mothers...
And yet even now
at the gates of Night
you still withdraw your hand
with prideful conviction
and you still don´t ask forgiveness, Beloved
to the ones you have hurt...
Requiem para um algoz
Para David, que nunca aprendeu a amar
₢ Dalva Agne Lynch
Destituída e só
tu me abandonaste no escuro
cheio de tuas certezas.
Agora
destituído e só
é tua vez de penetrar o escuro.
Do que te revestirás
se me cobriram de todas as vestes?
Veja este veludo cor da noite
bordado em fios de prata:
são minhas lágrimas
derramadas pelos filhos que roubaste
no poder e no nome do teu deus.
Sente essa seda rosada
escapando por entre teus dedos:
é o amanhecer da esperança
do dia em que retornaram.
E cobre-me ainda
o branco linho da inocência
o diáfano tule da confiança
o crepe sombrio do meu desamor...
Cobriram-me de todos eles, amado.
Com que te vestirás?
Que textura teria o engano
que cor teria a crueldade?
Ah, mas esperas cobrir-te
do sangue do teu deus!
Mas que deus seria esse
com sangue da cor do orgulho
tecido com o ouro do preconceito?
E assim vestido de sangue
para onde pensas ir, meu amado?
Os Jardins Sagrados pertencem aos inocentes
aos injustiçados, aos torturados
à mãe destituída de seus filhos
aos filhos destituídos de sua mãe...
E contudo, ainda agora
às portas da noite
não estendes os braços
orgulhosamente convicto
e ainda não pedes, amado
o nosso perdão...
ENGLISH VERSION
Requiem to a torturer
to David, who never learned to love
₢ Dalva Agne Lynch
Full of your your convictions
you left me in darkness
alone and destitute.
Now
alone and destitute
it´s your turn to enter darkness.
What would you cover yourself with
when every fabric was used
to cover my wretchedness?
See this midnight-blue velvet
embroidered with silver thread:
it´s the pattern of my tears
shed for the children
you´ve ripped from my arms
in the name and the power
of your god.
Feel this morning-rose silk
slipping through your fingers:
it´s the dawn of hope
of the day when they returned.
I was also covered
with the linen of innocence
the diaphanous thule of trust
the shadowy crepe of unlovelessness...
I was covered with them all, Beloved.
And what will cover you now?
What texture is cruelty
what color is deceit?
Oh, but you say
the blood of your god will cover you!
Tell me, Beloved
what god could this be
whose blood is the color of pride
embroidered with the gold of prejudice?
And so dressed in blood, Beloved
where can you possibly go?
The Sacred Gardens belong to the innocent
to the victims of injustice and torture
to the mother without her children
to the children without their mothers...
And yet even now
at the gates of Night
you still withdraw your hand
with prideful conviction
and you still don´t ask forgiveness, Beloved
to the ones you have hurt...