Transcedente amor
Estou sendo levado
Minha vontade de ir só diminui
Imerso
Acho que formaríamos um bom par
Assim de seres silenciosos
Que tem muito para dizer
Mas que nada quer falar
No entanto, sabemos
O que há dentro de nós
Essas coisas desconhecidas de todos
E incompreendida por nós
Que vivemos de pensamentos
Que apenas aumentam nossos tormentos
Fazendo um sorriso muito raro
E dilatando a dor que nos carrega
Nesses passos deste destino atroz..
(Se falo que pensas, talvez seja eu você...
Talvez uma união entre nós
Poderia revelar um outro ser,
Nem eu nem você,
Mas um inexistente,
Que só existe em nossa mente...)
Mas
Tudo isso
São dilações de minha mente
Meus dedos tocam o que sentem
E o que sente o meu coração
Muita coisa ouço
A todo momento
Mas meu mais dilatado pensamento
Ainda quem carrega é a solidão.
Eu escrevo o que vai se formando
No momento mesmo em que deveria estar pensando
Em tantas outras coisas meu Deus!
Mas não, meu destino vou sempre procrastinando...
Vim ao mundo para isso
Procrastinar
Nunca chegar a uma decisão
Se às vezes penso me matar
Deixo isso pro outro dia
E sinto já na rua o através do sol
A mão de Deus a me tocar
...
Essa minha verborragia
Vá lá entender!
Mais fácil ignorar-me
Fingir que nem sou um ser
E é assim que me sinto
Na maior parte do meu dia
Alimento-me de pequenas coisas abstratas
Como gotas de alegria
Pingos de sinceridade
Que colho em olhos brilhantes
De pessoas de verdade
Sim, de pessoas de verdade
Não das que posso inventar
Para me fazer companhia
Quando caio em melancolia
E me entala extremo desejo de chorar
Sabe, eu ando pensando...
Quem nunca teve um carinho
É muito frágil nesse mundão
Se deixa levar por coisas inexistentes
Inventadas por sua mente
E vive no vicioso ciclo da solidão
E é tanta meu Deus, é tanta!!!
Ah se eu pudesse explodir
Ah se eu pudesse falar
Apenas falar
Falar!
Gritar!
Não precisaria ninguém por perto
Teria que ser em local deserto
Porque eu não quero machucar ninguém
E eu sei
Que o que trago aqui dentro do peito
É algo sem jeito
Que até as pedras pode diluir...
Ah, Amanda, se eu pudesse...
Mas não.... Quis a fortuna que viesse eu em forma humana
Eu que não sei quem sou
Que não sei para onde vou
Que não sei até onde posso resistir
Que sei que jamais vou desistir
Apesar de toda essa dor
Que vem não sei de onde
E é como o universo todo
Que em rebuliço violento vem destruindo e criando estrelas
E o no meu peito toda essa coisa se esconde!
É
No meu peito até a escuridão se esconde
É
No meu peito até a morte se esconde!
Quem nunca teve um carinho
Não tem jeito
Só a morte vem lhe deixar de ser sozinho
Se as palavras fossem mágicas
E pudessem se transformar em pontes
Talvez alguém cético como eu
Ficasse feliz por isso
Se as palavras fossem mágicas
Esse lugar teria já se revelado
As palavras dizem muito, mas é quase nada
Olhar os olhos é entrar em alguém
E sentir o que ele tem lá dentro
E sentir o que ele sente também...
O silêncio é tão mais mavioso!
Ele pode se traduzir em qualquer coisa
Em qualquer sonho que traga dentro de si
E....
Às vezes imagino
(Isso é inteiramente utópico, além de muitíssimo particular)
O meu silêncio, como a escuridão da noite
Misturando-se aos brilhos do dia
Hora de indefinível luz
Hora em que tudo parece parar
Por um momento apenas
Hora em que o pensamento para de pensar
E apenas contemplamos
Como pobres humanos
A sensação de beleza rara sem par
....
O teu silêncio
Com outro silêncio
Os dois a cantar
E num momento
Tu não saberias
Se o que ouves
É teu
Ou do teu par...
Uma alma vendo outra dormir
Quando dormindo
É aquela que olhando está...