O Furacão da Alma
Eu venho não sei de onde,
Perdido em me conhecer,
Um nome só não responde
Quem sou, não sei dizer,
É placa a me anunciar
Por onde vou a vagar,
O que sou,hei de saber.
Na vida em redemoinho,
Passei por baixadas, sim,
Sertões em meu caminho,
Andei por dentro, enfim,
Do mato, medo senti,
Paixões também encontrei,
O que passou, já eu perdi.
Não vou me alongar, não mais
No que passou, já se foi,
Pois o passado incapaz,
De mover-se, agora dói,
Na mente ele vai morar,
Às vezes dorme a pesar,
Quem sou, não sei declarar.
Queria me apresentar,
Mas quem sou não sei dizer,
Um nome só a contar,
É pouco pra me conter,
Se o nome é mesmo meu,
Ou de outro ou de ninguém,
"Qnomeéomeu", sou eu.
A(o) leitor(a) vai notar,
Que há dureza no que digo
Da vida, e em mim a lutar,
Eu sou a vida que persigo,
Ela me bate, e eu rebato
Com força, e não sou ingrato,
E no coração eu a abrigo.
Na queda, a superação,
Levantar, sempre a tentar,
No erro, a continuação,
O acerto, a encontrar,
Sonho morto, a reviver,
Outro sonho a florescer,
Um amigo, a me guiar.
Minha casa, onde pensar,
Meditar, eis meu prazer,
Na balbúrdia, a buscar,
Refletir, e aprender...
Da vida, as coisas, enfim,
Onde a vida está, e é em mim,
A essência, a perceber...
Eu disse, pois sou furacão
Eterno a me renovar,
Minha própria criação
A me transformar,
Evolução, vi passar
Em câmera lenta, a olhar-me,
Minha alma a se mostrar.
Vi a alma, enfim a brilhar,
No afeto a se aquecer,
Como Lázaro, a andar
À luz, a florescer
Células a se ativar
Em um novo eu a brotar,
Não sei o que a dizer...
Flores verde a mostrar,
O vento a me abraçar,
O vazio a me esperar,
As luzes a brilhar,
Estrelas no chão a ver,
"Gosto de te ouvir", a crer,
Meu coração a escutar...