O demônio de minha vida
Agora me apareceu verdadeira e claramente
O demônio que jamais a mim tinha se relevado
Quando acordei um dia e me vi um espelho quebrado,
Ele trouxe consigo um livro já antigo de muitas laudas pautados,
E me fez recordar de todas as vezes que eu tinha errado,
Em que fui vil e desprezível, cheio de desamor,
Incapaz de sentir a dor daqueles que eu tinha machucado,
Com pedras, facas, gestos, murros, palavras fatais,
Ele me mostrou isso dizendo que havia muito mais...
Desde que nasci que coleciono maldades
Praticadas contra pedras e animais,
Às floras que nunca têm culpa, ninguem tinha,
Mas eu me vi tratando muito mal a todos os mortais...
Nunca tinha sentido tanto peso, que choro quente e urrante, meu Deus, que dor punjante
É a de ver a si mesmo completamente, mentalmente, metafísicamente, doentemente...
E ele disse, vês, é você tudo isso, de si nenhuma urbanidade, a barbárie é tua essência, tua doença,
Nada podes fazer, queimar para sempre tua consciência!
Mas, eu, tendo estudado doutrina antiga,
Vi que o pecado pesa menos na vida,
Se de cada gesto nos responsabilizar
E assumir as rédeas de todos os nossos
Íntimos animais, deixando o que ficou para traz,
Nos forçando a mudar de rota,
Buscando ser humílimo, sem querer cartaz...
Então eu disse, sim, isso me esmaga todo dia,
Todo dia estou em agonia a lembrar de coisas tais,
Não posso mudar o feito, mas posso dar um jeito
Naquilo que você me traz,
Acabou nosso compromisso, agora te vejo
E não o vou te seguir nunca mais...