[do outro lado da ponte]
I
Sete vezes no inferno
o poeta sentiu
a dor da morte
Sete badaladas
dos dois sinos
com seus hálitos
Na saída,
na entrada,
na sensação enlouquecida
de estar à própria sorte
Traga,
Prende,
Solta,
Volta,
Grita
E sofre.
II
Perde de novo,
perde o poema,
perde o amor
Traga,
Prende,
Solta.
Volta.
III
O poeta perde o todo,
o poeta perde tudo,
o poeta se perde
no sofrimento absoluto
de quem se repele
e se exercita
Três passos pra baixo,
Um passo pra cima
Traga,
Prende,
Solta.
IV
Rente às mãos
correntes da realidade
que não deveria
A realidade
do inferno de vida
que o poeta renuncia.
V
O pé cratera
no chão quente
que arde
ao descobrir
a desinocência
de ser gente.
VI
A passagem
expedida à sexta-feira
se desenha
na assinatura do ponteiro
que permanece inerte
por uma volta inteira.
VII
Traga,
Prende,
Solta.
Volta?
Nota que o retorno
é a loucura de quem segue
tão habituado a viver morto
que tenta voltar,
mas não consegue.