Eu sou uma vontade perdida
Eu, eu mesmo tal qual resultei de tudo!
Se me perguntassem quem sou o que diria?
Talvez fosse:
Sou uma vontade perdida entre os pensamentos
Que tenho,
Mas que não sei de quem são.
Minha mãe quis que eu fosse
De certa maneira particular
E meu pai, mesmo morto também desejou
Eu sei, que eu fosse de um jeito a si íntimo,
E eu, sem conhecer nem um desejo
Nem outro, lancei-me ao mundo
E vivi coisas tão estranhas entre si
Que, se em um só homem convivessem,
Por certo o despedaçaria.
Fui em muitos momentos
Aquilo que me supunham
E ali, por mais largo que fosse o sorriso,
Em mim um abismo se fazia.
E eu sem saber o porquê
Ia me virando a conformar-me
Como o mundo tão completo das coisas
Tão estranhas a meu ser.
Às vezes me encontrava cheio
De saudades não definidas,
Como diante de um espelho,
Como o ser incorpóreo como ar
A me falar coisas ininteligíveis,
Inarráveis, mas sutilmente
Sensíveis e vaziamente frias,
Essas coisas que ouvia eram
Como a de um ser que si ia,
Como a deixar-me...
Então percebi que havia lutado
Por todo o tempo vivido
A ser, não o que sempre fui,
Mas o que sempre quis ser.
O que eu sempre quis ser?
Eu não sabia, mas lutava por isso
E ainda luto por me encontrar,
Isso talvez seja a finalidade,
O que eu sempre quis descobrir,
Por que não sou o que vejo
Escovar os dentes todas as manhãs,
Nem aquele de quem conheço
Todos os pensamentos.
Luto por encontrar-me
Entre os pensamentos que tenho,
Escrutinando em profundo silêncio...
Eu sou uma vontade perdida
Aquilo que em começar, já terminou,
Sou o que em tentar ser, não é,
E o que é não sendo.
Sou a vontade que tenho de saber quem sou,
De descobrir tudo quanto existe
De verdadeiro entre
O que penso e o que vivo,
Eu sou aquele que ao se encontrar,
Já se perdeu,
Um sonho que se desfez no ar,
De alguém que ninguém conheceu...