Eu sou uma vontade perdida

Eu, eu mesmo tal qual resultei de tudo!

Se me perguntassem quem sou o que diria?

Talvez fosse:

Sou uma vontade perdida entre os pensamentos

Que tenho,

Mas que não sei de quem são.

Minha mãe quis que eu fosse

De certa maneira particular

E meu pai, mesmo morto também desejou

Eu sei, que eu fosse de um jeito a si íntimo,

E eu, sem conhecer nem um desejo

Nem outro, lancei-me ao mundo

E vivi coisas tão estranhas entre si

Que, se em um só homem convivessem,

Por certo o despedaçaria.

Fui em muitos momentos

Aquilo que me supunham

E ali, por mais largo que fosse o sorriso,

Em mim um abismo se fazia.

E eu sem saber o porquê

Ia me virando a conformar-me

Como o mundo tão completo das coisas

Tão estranhas a meu ser.

Às vezes me encontrava cheio

De saudades não definidas,

Como diante de um espelho,

Como o ser incorpóreo como ar

A me falar coisas ininteligíveis,

Inarráveis, mas sutilmente

Sensíveis e vaziamente frias,

Essas coisas que ouvia eram

Como a de um ser que si ia,

Como a deixar-me...

Então percebi que havia lutado

Por todo o tempo vivido

A ser, não o que sempre fui,

Mas o que sempre quis ser.

O que eu sempre quis ser?

Eu não sabia, mas lutava por isso

E ainda luto por me encontrar,

Isso talvez seja a finalidade,

O que eu sempre quis descobrir,

Por que não sou o que vejo

Escovar os dentes todas as manhãs,

Nem aquele de quem conheço

Todos os pensamentos.

Luto por encontrar-me

Entre os pensamentos que tenho,

Escrutinando em profundo silêncio...

Eu sou uma vontade perdida

Aquilo que em começar, já terminou,

Sou o que em tentar ser, não é,

E o que é não sendo.

Sou a vontade que tenho de saber quem sou,

De descobrir tudo quanto existe

De verdadeiro entre

O que penso e o que vivo,

Eu sou aquele que ao se encontrar,

Já se perdeu,

Um sonho que se desfez no ar,

De alguém que ninguém conheceu...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 03/11/2007
Código do texto: T721726
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