Sobre os túmulos dos profetas
Há um grande peso sobre os homens
E o carregam para alimentar uma antiga fome
Fome de glória, fome de vitoria, fome de história
Enquanto se alimentam, sempre com descontentamento
A fome cresce, e não perece
Estes homens algum dia perecem
Com a fome a qual aquiescem
Muitos até bem alimentados
E esses ainda mais esfomeados
Nestas suas casas pintadas de ouro
Sobre o chão há couro
De homens, de feras
Suas colunas são feitas com trevas
Sua massa é feita da desgraça
Da mão que há preparou
Seu telhado é feito dos brados
Dos os homens anteriormente alimentados
Sustentado por vigas de intrigas
Há um jardim de espinhos sem rosas
Nela habitas
Nela habitas, quer saibas ou não
Dançam sobre os túmulos dos profetas
Mortos por seus pais
Jurando que não o fariam, jamais
Como seus pais jurariam
Que não dançariam
Sobre os túmulos dos profetas
Os profetas não se vigam
Mas os profetas não fogem
Os profetas morrem
Mas os profetas permanecem
Na memória, na história
E finalmente na glória
Já os dançarinos não duram mais que seus hinos