Mais do que um mero poeta
Mais do que mero poeta
Queria ser a sensação sentida
Ser o dia que devora a noite
Deixar de ser a dor mais dolorida
E me desfazer deste açoite.
Quem me dera o que quero ter
Tivesse ainda as coisas tidas
que todos os outros tem e eu não
E nisto me visto do querer.
Mas, quem me dera o querer
Viver a sorte sorteada, sortida
Deixando de lado esta razão
Da dor doída e a felicidade em ser.
Sei que um poeta é mais
Mais que letras, é joça, rasgo,
Negócio, troço, traço, capataz...
Tanta coisa que até engasgo.
Mas,
Apesar de tudo e ao pesar o nada
Faço de conta que não faço
Expresso em minhas falas caladas
Sensações e sentimentos de aço.
Sou da alegria e da tristeza
E da inspiração não instalada
Da humildade e da avareza
Um solitário de mãos dadas
De mãos dadas com a incerteza
De saber sobre um pouco do nada
Vivendo nesta plena certeza
De que errei no conto de fadas.
Por isso, fecho logo este livro
Me vejo naquilo que me desperta
Além das páginas eu me crivo
E sou mais do que um mero poeta.
Escrito em 16/09/2009