TÉDIO
 
Jovem ainda, pouco mais do que nos cueiros
Andei por lonjuras desse mundão de Deus
Bebendo de todos os saberes
Saboreando todas as delícias
Me perdendo em emoções fugazes
Me absorvendo de conhecimentos
Ainda assim dentro de mim havia um tédio
Coisa difícil de se explicar
Procurava talvez algo que ainda não sabia
Nem mesmo tinha certeza que algo era esse
E se realmente existia, a mente parecia embotar
Migrei por açores fendas e desertos
Em mares e geleiras também me embrenhei
Campos fartos floridos e raros conheci
Muitas gentes diferentes por onde passei
Com elas um pouco eu convivi
A idade avançava e eu nem dava conta
Montes e cordilheiras escondidas visitei
Turbulentas hordas pelo caminho encontrei
Desastres naturais presenciei e sobrevivi
Céus inigualáveis admirei
Não me amasiei nem livro escrevi
Sequer uma semente plantei
Querendo ver e saber de um tudo
Envelheci e murchei
Me preenchi de tempos e espaços vazios
Nem mesmo sei se realmente vivi
Ainda penso e acho que nada sei
Só sei que jamais me encontrei...
 
 
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2016
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 19/02/2016
Código do texto: T5548420
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.