PRENÚNCIO DO INVERNO
As folhas caem no inverno que chega e atemoriza.
Já não se vê no horizonte longínquo
Os voos acrobáticos de albatrozes em tirolesas,
Rasgando o céu sobre os verdes mares!
Os pássaros afugentam-se em seus frouxéis de ninhos
Deixando profundo silêncio sepulcral,
E em toda esfera terrestre permeia uma sombra funesta,
Como a prenunciar a ruptura do mundo!
As nuvens num repuxo se ostentam
Em espirais cinéreas e tristes, que formam na imensidão:
Níveos desenhos numa conexão de movimentos
Traduzindo um cenário que cinzela o concreto das cidades.
Num alento derradeiro, as ondas do mar beijam as orlas praianas,
E deixam no ar a esperança vívida de que a primavera
Virá cobrir a Terra em matizes, entre sorrisos iluminados,
Sob fagulhas abençoadas de um novo dia de sol.