FACETAS DE UM CÁRCERE
O meu arcanjo - demônio - consciência
é um anjo que apavora minha falsidade
e me perturba somente porque sou o homem contrariedade
E me traz a dualidade desses animais que se massacram em mim
e me obrigam a pensar que o que faço suja-me sem o sentir
e faz reverso em minha demência pensar...
pensar não ser tão ruim o anestésico que me entorpece
eu não me reconheço , engano-me, pereço, faço prece
febril-prece
desconfiança de mim.
Até então tenho sido jaula de aparências
Sou dois, sou três, sou quatro
Incontáveis versões do mesmo fato
uma mentira
Pelo amor de Deus! Quero ser só um!
Não desejo essa abdução-marte
ETs , monstros galácticos sugam-me sem piedade.
...
Sou deste mundo, mas o meu mundo não me pertence
Hoje sou outro-mundo
E se for deste modo, repudio este imundo
E mudo o mundo que me enoja
Eu quero ser planta e muda que muda este mundo!
Não quero Freud nem Nietzsche endoidando minha cabeça
Não quero ser macaco de Darwin
Mas quantas vezes o tal primata desejei ser para não ter culpa
e agir só por mim mesmo
desse jeito
bebê ou vetusto
Homem, enfim.
E mesmo a caverna de Platão me é tão somente
reverso deprimente
Quer mostrar que minha dor
é a fuligem do vulto escapado, não visto
de um futuro bandido
Solidão de amanhã.