A ARMA MAIOR
₢ Dalva Agne Lynch
A arma maior não é o que te causa medo.
Tu temes o destruidor, mas conquistas
E sempre temes, quando conquistas.
A arma maior do destruidor é o ódio.
Nunca se conquista em ódio -
Ele te deixa consumido, devastado
Despido, fraco, sozinho.
Mas qual é a vitória de dar-se amor
E receber de volta o escárnio?
Como se sente a mão recusada?
Consumida, devastada, despida, fraca, sozinha.
Vejo o mesmo quadro, mas com vírgula
Não um ponto final. Amor não é um fim -
É reshith - apenas o começo.
Amor é a Luz Criativa, consumindo
Devastando, desnudando, enfraquecendo
Separando para moldar o eu ainda informe.
Amor é magen - um escudo ao teu redor
Refletindo e queimando o que te consome
Preservando tudo o que tens de melhor.
Amor é ruach - o vento tempestuoso
Que constrói uma montanha de firme rocha
Dos escombros quase inúteis do teu eu.
Amor é hod - o esplendor em toda a glória
Que cobre a nudez vergonhosa da rejeição
Com uma camada tênue de inocência.
Amor é guevurah - o poder da vontade.
Ser roubado, estraçalhado, ferido
E ainda assim estender a mão - e amar.
Amor é Yehida - a Chama Divina
A luz da criação, a presença eterna
Que nos separa para nos completar.
Não, não há vitória no destruidor.
Ao consumir, devastar, separar
Ele se consome, destrói, desnuda, fica só.
Quando o destruidor passa em tempestade
Fazendo destroços de teu ser, tu cresces.
A vitória é tua: no amor, a arma maior.
Ilustração da artista Dorô, gentilmente cedida para o poema