UM NAVIO RESPEITADO (Em memória dos Negros)
Estou calado, nesta estrada de espinhos e espumas,
e não sou flutuante quanto aquele Navio Negreiro...
Tenho a eterna vontade de vomitar plumas!
Mas, e o tempo? Que dele restará? Vão celeiro?
Talvez eu seja um torpe e fugaz conhecimento,
que se demora a viver prudente entre os homens.
E ainda que, de desejos, eu louvasse aos ventos,
Hoje estaria sem conhecer as faces do ontem!
Sangue, dor, uma raça que foi quase-devastada!
Castro Alves, tua voz soa como flâmulas!
Mesmo agora, com cavalos, escudos e espadas,
Há esperança de queimas e protestos avivados.
Entre versos firmes, extremos e lutas-correntes
Faço, com ilustre causa, um novo Navio respeitado!