Máquina de Captura

Capto seu eu,

Encarcero,

Pensa que morreu,

Torna-se servo.

Tenta fazer pose,

Mas obrigo a ficar parado,

Uma paralisia em close,

Quero te tornar um ente congelado.

O que estiver contigo,

Submeto a minha jaula,

Guardado em algo frio,

Sua realidade será impressa em lauda.

Poderá buscar refúgio,

Alguma fuga não captada,

Mas meu olho é obtuso,

Busco além de sua empreitada.

Por mais que diga estar fora,

Sempre olhar para esse eu condenado,

Nostálgica figura que te consola,

Simulacro grosseiro dos seus traços.

Lanço minha luz medonha,

Cegando-o para agrilhoar,

Saberá que lhe sou estranha,

Mas seduzo sua vaidade ao te tomar.

Roubo sua vida,

Me aproprio das suas aventuras,

Sou colocada acima,

Será exaltado só a partir de minha figura.

Quem eu sou?

A máquina de fotografia,

Sou o que te concretizou,

Tornando-o não mais que uma alegoria.