A flor da pele
A minha pele pintada
É veste de minh´alma nua
De minha tez alvejada
Qual a textura da lua
A minha pele tingida
Por tanto tempo açoitada
Pra todo tempo ferida
Pra vida inteira marcada
A minha pele cortada
Cicatriz seduzindo a navalha
Ferida rasgando a malha
Por vida inteira estampada
A minha pele alvoroçada
Chicoteada pelos algozes
Sem piedade torturada
Por criaturas atrozes
A minha pele rugosa
É como um tronco enrugado
De uma árvore frondosa
De uma vida sem gabo
A minha pele sem cor
A minha textura rupestre
Do alecrim mais campestre
De um jardim já sem flor
A minha pele sem vida
Esconde um sangue vermelho
Venoso como um espelho
Que te revela a ferida
Na minha pele riscada
A vida cravou seus caninos
E deste sol setembrino
Em UVA´s bronzeada
A minha pele cansada
De tantos anos de lida
Agora será libertada
Na terra morta, na planta viva.