Lobos
Lobos!
Ferozes lupinos,
Observam-me,
Com olhos ferinos,
Desejos,
De pura carnificina,
Sedentos de sangue,
Hálito de carne,
Cheiro de carniça entre dentes,
Olhar brilhante em meio às trevas,
Nas palavras de Dostoievski,
“Se temes os lobos,
Não se aventure nas florestas”,
Estou paralisado,
Cães brutos,
Parentes caninos dos domesticados,
Selvagens licantrópicos,
Ignoram o civilismo,
Uivam diante da lua,
Ofertando sua voz profunda,
Numa prece de natureza animal,
Segue sua alcatéia,
Clã de família fiel,
Desde tempos remotos,
Genealogia que impera,
Sobrevivendo,
Além de qualquer darwinismo,
Comendo sobras,
Caçando em bandos,
Estrategistas legítimos,
Devassam densas matas,
Camuflam-se na folhagem,
A noite é companheira,
Seres noturnos,
Por teólogos denominados,
Demoníacos,
Espreitando vítimas,
Fartando-se do banquete,
Sobrevivência do grupo,
Necessidade acima de vã moralidade,
Conhecem a verdadeira sociedade,
Pelagem espessa,
Protegidos das intempéries,
Amedrontam até experientes caçadores,
Inspiram lendas de lobisomem,
Fera que se faz homem,
Besta carnívora,
Legião de maldita prole,
Ataque preciso,
Uns protegem os outros,
União de guerreiros rústicos,
Movidos pelo apetite,
Sentindo o aroma da presa,
Provando vísceras,
Despedaçando carcaças,
Ceifando vidas,
Impondo sua lei de caça,
Lupus raça,
Porte majestoso,
Do nobre espírito de luta,
Cuidadoso com cria,
Inspirando a fundação da Roma Antiga,
Lykos, Wolf, epítetos desse totem,
Símbolo dos mistérios de nossa própria essência,
Força natural que é Vontade de Potência.