Muita estrela pra pouca constelação

Doces bárbaros comandam anjos endiabrados.

Seus ásperos chicotes serpenteiam costas macias

E fazem n´almas pálidas transparecerem lágrimas frias.

Sorte de o querubim ter sido pelo feitor apadrinhado!

Outros tantos acenderam velas a Deus e ao diabo:

“Tô contigo e num abro”, pra o diabo dizia!

“Em ti eu confio, pra o outro eu só fingia”!

E nesta reza rogada praguejava um beato.

Vozes tempestivas surrupiam corações aflitos

E os pobres anjos refugam ao rompante do trovão:

“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”!

E mais uma vez se perpetua esse triste chavão.

Iludidos por uma promessa nefasta de auto-gestão,

Perderam a baixo custo as rédeas de seus destinos.

Venderam-se assim os querubins, esses ingênuos meninos,

Entorpecidos pelo êxtase do poder, salário e satisfação.

E assim está o inferno, um inferno em cada seção,

Pouquíssimos subordinados, muito mesmo é chefe e patrão,

Gentilmente comandando como se houvessem arreios nas mãos,

Num galope desenfreado surrupiando os brios dos cidadãos.

Seus golpes desprezíveis aos anjos consternarão,

Far-lhes-ão saudosos por noites de céu anil,

Mas esta nostalgia pecaminosa tem causa um tanto vil,

O problema é muita estrela pra pouca constelação.

Carlos Roberto Felix Viana

CarlosViana
Enviado por CarlosViana em 07/09/2011
Código do texto: T3205725
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