Muita estrela pra pouca constelação
Doces bárbaros comandam anjos endiabrados.
Seus ásperos chicotes serpenteiam costas macias
E fazem n´almas pálidas transparecerem lágrimas frias.
Sorte de o querubim ter sido pelo feitor apadrinhado!
Outros tantos acenderam velas a Deus e ao diabo:
“Tô contigo e num abro”, pra o diabo dizia!
“Em ti eu confio, pra o outro eu só fingia”!
E nesta reza rogada praguejava um beato.
Vozes tempestivas surrupiam corações aflitos
E os pobres anjos refugam ao rompante do trovão:
“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”!
E mais uma vez se perpetua esse triste chavão.
Iludidos por uma promessa nefasta de auto-gestão,
Perderam a baixo custo as rédeas de seus destinos.
Venderam-se assim os querubins, esses ingênuos meninos,
Entorpecidos pelo êxtase do poder, salário e satisfação.
E assim está o inferno, um inferno em cada seção,
Pouquíssimos subordinados, muito mesmo é chefe e patrão,
Gentilmente comandando como se houvessem arreios nas mãos,
Num galope desenfreado surrupiando os brios dos cidadãos.
Seus golpes desprezíveis aos anjos consternarão,
Far-lhes-ão saudosos por noites de céu anil,
Mas esta nostalgia pecaminosa tem causa um tanto vil,
O problema é muita estrela pra pouca constelação.
Carlos Roberto Felix Viana