Amamentação
Qual homem não se encantou,
Vendo uma mãe amamentar,
A criança mamando se aquietou,
Arte feminina de alimentar.
Mamíferos, eis o que somos,
O fascínio pelas tetas,
O líquido que fortalece e gostamos,
Fazem parte das fêmeas facetas.
Aquele peito volumoso,
Aquelas veias ressaltadas,
O leite escorre gostoso,
O bebê dá ávidas sugadas.
Seio convidativo,
Auréola bem contornada,
Endurecidos os bicos,
Jatos que saem em esguichadas.
Nós, homens, queremos ser bebês,
Para ter aquele prazer oral,
Salivamos só de imaginar ali beber,
Voltamos a ser criança virginal.
Talvez nesse sentido Freud tivera razão,
Aqueles peitos de mulheres lembram a mãe,
Creio que seja bem mais que essa imaginação,
São sucções, vida,fome, fatores que predispõe.
De repente saimos do colo materno,
Quando adultos é o colo de amante,
Contemplamos o filho ou o neto,
Dando seguimento ao prazer degustante.
Desejamos aquela saborosa lactose,
Uns sugam mulheres-esposas grávidas,
A busca incessante pela idade precoce,
Comparam com o sêmen de natureza fálica.
Nos agarramos feito aquele bicho,
Que no seio da mãe diante de espectadores,
Nos emociona pelo gesto de carinho,
Nos sentimos animais também, imitadores.
O poder simbólico da amamentação,
Criando atavismos como Ísis e Hórus no Egito,
Figura que quase junginamente promove repetição,
Chegando a figura cristã de Maria com o Cristo.
Um mãe dando de mamar é empolgante,
Alimenta, dá carinho, promove contato íntimo,
Excita marmanjos, ajuda a própria gestante,
Aproxima o homem/mulher do mito divino.
Uma antropofagia benéfica a ambos,
Prova-se e se faz provado numa troca justa,
Nessa relação de necessidade nos amamos,
Amálgama belissima que a potência da vida pulsa.