Vida monocromática
Deu preto no branco,
Deu branco no preto,
Deu prego no banco,
E do lado formigueiro.
Deu preto no branco,
Já não dá pra enxergar,
E o prego no banco,
Não me comove pagar.
Jiquitaia ta nervosa,
Não quer negociar,
Minha pele amargosa,
Já começou a coçar.
Tem prego nesse banco,
Não quero mais sentar,
Mas o banco deu no flanco,
Não consigo levantar.
Um cruzado no queixo,
Deu branco no limiar,
Nem consigo enxergar,
Tão quase não mexo.
Deu formiga no doce,
Deu praga na lavoura,
Nenhuma mão salvadora,
Sobre minha fronte pôs-se.
Como posso me alegrar
Quando tem prego no banco,
E não convêm sentar e pagar?
Como posso escapar?
Carlos Roberto Felix Viana