Banquete real
Vida longa ao Rei! Saúda um constrangido camponês,
Tão logo uma moeda reluz em sua mão.
Ofertam-lhe ainda pão e circo, um a sua vez,
Gloriosa política, modelo avançado de gestão.
Cinco apocalípticos cavaleiros na vanguarda real,
Destilam veneno mortal pelos salões da corte.
Cinco súditos fiéis, peçonhentas serpentes da morte,
Prontificados ao bote ligeiro, certeiro, letal.
Vida longa ao Rei! Ai de quem não desejar,
Será caçado, será presa de ave de rapina.
Estará fadado às carícias da guilhotina,
Se aos caprichos do tirano não se queira sujeitar.
Cinco vassalos no esmero da vil realeza,
Extraindo dos feudos o erário da monarquia.
Cinco mandarins pilares da fidalguia,
Disciplinando na plebe espirituosa pobreza.
Quiçá suas posses saciassem a ambição,
Donde se ganha um dedo as mãos já não bastam.
E assim os gentios por benévolos se passam,
Com salvas imponentes ao majestoso pagão.