INCÓGNITA
José Ribeiro de Oliveira
Nem sei se sabes,
Mas procuraste saber
O que se passava,
Em que mundo eu habitava
Querias mesmo saber?
De lá até trouxe flores:
Orquídeas, Camélias, Jasmins,
Que ainda guardadas estão
E curtidos perfumes exalam.
No porto a essência esquecida,
Poesia de verso inacabado,
Coração de medo assombrado,
Mãos que não podem se encontrar.
Temores, horrores da alma,
Pesadelos a acorrentar.
Mundos abertos pra vida,
Sementes pra semear.
Promessas de longe expedidas,
Estradas pra caminhar.
Amores vertendo em chamas,
Por linhas paralelas se vão.
Crepúsculo despercebido,
Prenúncio de solidão.
Contidos arrepios na pele,
Jorrando o mel da paixão.
Madrugada calma e serena,
Fibrilando o coração.
Assombros de opostas almas,
Fantasmas da culpa roendo,
Amarras da repressão.
Ternura sem par derramando,
Fulgor que se vai sem razão,
Apagando as próprias chamas,
Em mágoas da desilusão.
Incongruência, má sensação,
Reprimidos sentimentos,
Incógnita, dúvida, prisão.