Sou um ser, sensível à vida presenteada e recheada de sentidos. Sou fraterno terno, por sentimentos, eterno. Sou o pingo d'água que cai, evaporado ao meio dia, sem ser notado, no meio do oceano, um quase nada, integrando o todo, que incompleto seria se eu não existisse. Sou um sonho com surtos de concretude e devaneios. Sou estrada aberta a permitir infinito olhar, de anglo aberto à leitura total, às vezes restrito à especificidade de um detalhe por todos ignorado. Sou nato, do mato, de um ato que a mãe natureza forjou. Sou rocha polida pelo tempo, para existir em forma e espaço à mercê dos ventos. Sou água em maleável correnteza por entre as serras a procura do mar. Sou raiz da minha criatura e molde para suporte da criação. Sou lágrima que verte do soluço da alma, que sem palavras despeja amor. Sou dragão de afiados dentes, na porta da gruta. Sou ternura de desmanchar por entre os dedos a leveza da candura para encantar. Sou eu mesmo, quando quero ser simplesmente gente. Sou, por vezes, levado a ser um ente do dever ser, para ver, do oposto ao posto as diferenças do ser. Sou a vida, vivida poeticamente. Na realidade, sou um pouco do que já fui, permeado com a vontade do que quero ser, resistindo aos modelos impostos, posto que, na lida da vida, aprendi a construir caminhos próprios, a par dos que tanto trilhei e do que a verve observadora conseguiu extrair.