Venha, olhe para a luz

Quando acordei hoje

Não senti o sol que entrava pela janela

Senti falta dos meus amigos de infância

E a vida me pareceu mais vazia

Mas alguma coisa estava diferente

Aquele sol distante não era o mesmo de todo dia

Sua luz mais clara, seu calor menos intenso...

De algum modo eu me sentia melhor

Tinha ido dormi com o peito angustiado

Apertado pela opressão da saudade

Eu tinha me dado conta

De que minha vida fora sempre uma despedida

E que minha alma estava ferida

Ferida de morte

E que eu não ia mais me curar

Era tanta tristeza para digerir

Tanto vazio para abraçar

Que eu não sabia qual próximo passo

Eu teria que dar

Eu estava distante de tudo

Distante de todos

De todos os meus entes queridos

E na escuridão do quarto

Eu não conseguia dormir

Não adiantava fechar os olhos e fingir

Não adiantava abrir os olhos

Com a esperança de ver alguma luz

Não, nada adiantava...

Se pelo menos eu gritasse...

Mas quem me ouviria?

Às vezes a solidão é absoluta

E eu via então meus amigos

Naquela data distante

Olhando para cima

Batendo na lateral de um velho ônibus

Que me tirava deles

E a eles de mim

Eu via a cena detalhadamente

E até chorar eu chorava...

Minha vida foi sempre uma despedida...

Eu fiquei sem referencias

Ou elas ficaram longe demais de mim

Ficaram por longo tempo perdidas de mim

Não, não tem jeito eu pensava

Não é fácil viver assim

Mas aquela luz

Não era a luz a que estava acostumado

E via do outro lado da porta alguém bater

Mas quem seria tão cedo

Eu não tinha ninguém

Será alguma encomenda...

Mas eu não encomendara nada...

Não, não vou abrir...

"Nem é preciso amigo..."

Ouvir uma voz dizer

"Estamos todos aqui..."

Eu olhava para um lado

Para o outro e nada via

Que será isso meu Deus?

Eu pensava...

"Somos nós amigo..."

"você não esta sozinho,

Nunca esteve sozinho..."

Mas quem são vocês?

Por que não os posso ver?

Eu não tinha medo

Não sei por que, mas não tinha medo

Somos todos os seus amigos...

Para nos ver...

Venha, olhe para a luz...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 22/07/2011
Reeditado em 22/07/2011
Código do texto: T3112232
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