Boas notícias

Um outro dia enquanto eu caminhava

Pensando em minhas idiossincrasias

Nem dei por mim

Quando comecei a ser acompanho

Por alguém que também

Caminhava sozim

Eu sentir sua aproximação

Era como uma sombra

Que ia cobrindo meu coração

Mas eu não estranhei

Porque foi sempre assim

Que eu sempre andei

Uma sombra aqui, outra ali

Que eu não sei explicar de onde vem

São tristezas profundas de outros

Seres que parece

Que é meu coração que tem...

Eu nunca tive qualquer certeza,

A não ser uma relativa

Que sou só,

E que ninguém nasceu

Para me entender nesta vida...

E então aquele ser estranho

Que se empareou comigo

Perguntou se eu tinha fogo

Chamou-me até de amigo

E eu estendi a mão,

A mão para o ser da escuridão...

Dei-me conta estava numa outra paisagem

Não era mais aqui

Nem lá, nem ali,

Era definitivamente outro lugar

Para onde fui transportado

Apenas quando cheguei

A mão daquele ser tocar...

Ele vinha pela sombra da noite

Pus-me a lembrar

E se aproximou sem soada

De passos,

Coisa que não pude notar

Pois estava eu muito pensativo

No porque de ninguém me acreditar...

Mas então do que se tratava?

Eu não sabia...

Será que era um sonho

Projetado pelo meu ser

Que nalguma hora da noite

Em algum lugar dormia?

Mas essas angústias, essas dores?

Os sonhos não são assim,

A gente se apavora às vezes

Mas o coração da gente não dói assim...

Comecei a passar mal,

Meu braço esquerdo doía,

Como se fosse estourar uma veia,

Alguma coisa acontecia...

Eu tenho pressão baixa,

Por que isso acontecia?

Não passava mal, já morria

Quando alguém chegou

Com passadas mansas

E me socorreu...

Foi apenas soar sua voz

Meu ser que já ia reviveu...

E eu perguntei quem ele era,

Disse que era o mesmo ser

Da outra hora,

Que eu estava vivendo uma realidade,

Mas de fora da ciência

Que no mundo há agora,

Eu estava noutro mundo,

Eu, meu ser essencial,

Meu corpo estava caído agora,

E dormitava na terra

Sobe um tênue sereninho

Que mais esfria do que molha...

Disse para eu ter paciência

Que já estava tudo planejado,

E que eu havia participado

Daquela seleção,

Para perder o orgulho

E os preconceitos

E para de ter medo de Amar

Era porque eu estava passando

Por aquela provação...

Mas que ele, aquele ser difuso

Em breve chegaria

De verdade, e de verdade

Seguraria minha mão,

E eu não iria dormitar,

Nem andar na escuridão,

Que todas as agonias iam

Acabar

Quando nós dois chegássemos

A nos encontrar...

Que eu voltasse,

E tivesse fé na vida,

Que por mais difícil que fosse,

Por mais que as pisadas fossem doloridas,

Que eu nunca deixasse de ter amor

Principalmente amor pela própria vida...

E foi dizendo mais coisas

Enquanto eu adormecia

E acordei noutro lugar

Onde coisas semelhantes ocorriam

E que eu podia vislumbrar

Que para cada ser no mundo

Existe um outro a guardá-lo,

Que não vem ao mundo

Com outra finalidade

Que não seja a de amá-lo...

Eu até pensei em não mais voltar

Mas não dependia de mim,

Acordei debaixo e um parapeito

Logo ali pertinho

Da casa onde eu morava,

E da qual, de onde me lembrava antes,

Eu muito longe estava,

Enquanto minha lembrança,

Era que mais e mais dela me afastava...

2006

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 06/07/2011
Reeditado em 30/01/2013
Código do texto: T3079695
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.