A Calçada
Calçaram as ruas,
Não basta o asfalto,
Agora algo mais se insinua,
Tomamos a natureza de assalto.
Andamos nessa beirada,
Mais olhamos a beira do calçamento,
Enxergamos a avenida demosntrada,
Uma linha que divide os movimentos.
A calçada segue ao lado das ruas valetas,
Tentando seguir o fluxo desse asfalto retilíneo,
Vai contornando obstáculos com destreza,
Tem um sentido de cópia entre caminhos.
O tráfego em contraposição ao pedestre,
Ambos fazendo parte dessa estrutura metropolitana,
Engenhosamente dipostos eles seguem,
Nos haibituamos a essa simetria cotidiana.
Basta um deslize de pés e invadimos outros espaço,
Mas a linha que margea nos demonstra o limite,
São retas sobrepostas que nos dizem onde me acho,
Pareço seguir uma arquitetura que a todos oprime.
Mudamos de calçada e continuamos calçados,
Mas entre eles estamos descalços noutro calçamento,
Até os pés nus a esse sentido estão conectados,
Sentimos a supefície de um solo feito de cimento.
Se caímos de cara no chão,
Beijamos a maldita calçada,
Até quebramos a dentição,
Beijo de relação empedrada.
Ainda existe o meio-fio,
Aquela beirada exposta,
Ressaltado e esguio,
Um meio-termo de resposta.
A estética é de forma variada,
Cimento bruto ou paralelepípido,
Ornamentam toda a calçada,
Buscam uma beleza sem sentido.
Alguma importância deve ter,
Senão seria inexistente a calçada da fama,
Onde pés famosos vão se entreter,
Marcando o piso numa pisada que impressiona.
Vez ou outra um carro lhe sobe,
Ou nós pedestres a descemos,
Dizem que o primeiro não pode,
Acredito que isso seja o de menos.
O problema está em delimitir o espaço,
Ainda mais de forma tão concreta,
Onde somos sujeitos tragicamente acimentados,
Transeuntes indiferentes aos outros e a ela.
Um dia acordamos e nos calçaram,
Fazem passar em frente nossa casa,
Ela exige pedágio para os que sobre transitaram,
Sair e entrar precisa de uma certa paga.
Sobe, desce, encurva, tenta se ajeitar,
Mas muitas calçadas são tortas, esquisitas,
Tem a que deforma por quebrar,
Umas as leis asseguram sua serventia.
Nelas chegamos na beirinha,
Sem aquela receio de sacadas,
São ressaltos que todos contagia,
Nos apegamos a elas como refúgio de beirada.
O calçamento vem vestir a natureza,
Dar artificialidade ao espaço ambiental,
Sufocar a Mãe Terra primeva,
Criar um ambiente frívolamente superficial.