O Encantador de Serpentes
Mestre na arte de dominar répteis,
Dizem que aprendeu com hindus,
Dominava bestas com canções férteis,
Hipnotizava e cobras enrolavam no seu corpo nu.
Retiarava-as de balaios,
Ou mesmo as que encontrava,
Seja em algum perdido pasto,
Ou no matagal que alguém indicava.
Não se intimidava com a peçonha,
Olhava fixo nos olhos do bicho,
Pessoas medrosas assistiam a artimanha,
Até cobra para mostrar o risco.
Viajou o mundo,
Conheceu pequenas atrevidas,
Anacondas de porte graúdo,
Todas lhe tinham serventia.
Foi uma vez nas terras egípcias,
Diante de uma que chamam naja,
Daquelas com capelo e que joga veneno nas vistas,
Seu porte era imponente e amedrontava.
Não conseguem explicar se foi por distração,
Mas o domador de cobras foi atacado,
O bote certeiro lhe faz cair morto numa prostração,
Dizem que não deveria ter o animal subjugado.
Um ancião daquelas paragens,
Apesar conhecer cultos antigos,
De cerimômias ofídicas de verdade,
Disse algo num tom mais compassivo.
Que desde o "pecado original",
Não se pode confiar na Serpente,
Mais sempre alguém se acha o tal,
Acaba morto traiçoeiramente.
Para não estar dúvidas,
Mataram a pauladas o pobre animal,
De forma banal encerrou a luta,
O fato virou lenda de história oral.