A Folha
Oh Folha!
Quisera ter,
Sua escolha,
Assim viver.
Navegar no ar,
Levada pelo vento,
Tão leve planar,
O céu como provimento.
Sair da árvore,
Feito filha liberta,
Sem um cácere,
Se mostra discreta.
Suave brisa,
Leva sua forma,
Com rebeldia,
Nada lhe importa.
Legítima natureza,
Habita o mundo,
Material beleza,
É parte desse tudo.
De um verde vivo,
Esbanjando clorofila,
Rebento renascido,
A terra lhe reverencia.
Mesmo que seques,
Terá sentido aéreo,
Sua visão não se esquece,
Fica gravada no cérebro.
Quando perder esse lirismo,
Será absorvida pelo solo,
Alimentando organismos,
Revivendo em outros corpos.
Seu sentido é vagar,
Que sentido há nisso?
É sentido de voar?
Sem sentido, assim reflito.
Apenas imagino,
Sois fração de planta,
Foge sem destino,
Repousa figura ufana.
Poderá estar com outras,
Uma plêiade folhada,
Feito pássaros que voam,
Até dispersarem em arrevoada.
Os motivos gravitacionais,
Outra forma de metafísica,
A ciência não lhe satisfaz,
Pra que compreender a vida?
Vivo essa folha que me naturaliza,
Por humanizá-la enquanto ela me plantifica,
Todos juntos, vegetais, minerais, animais,
A plenitude está em vivenciar tal harmonia.